don't think, don't think 

26-09-2025

Ontem, na aula de dança, éramos rios.
Cada um no seu percurso, sempre em relação com o outro.

Primeiro, o movimento solto, só meu.
Depois, o mesmo movimento — mas sem pensar.
E a facilitadora a gritar: Don't think! Don't think! Don't think!
Libertador. Ter alguém a dizer: não julgues, não duvides, erra, enquanto te moves. 
Errar é vivo. Errar é desconstruir e criar de novo. Errar cria a energia.

Percebi quanta força gasta o corpo em autocontrolo, autopunição, autojulgamento.
E quando esse peso cai, a energia explode de dentro:
cria se a força do animal selvagem, que pertence mais da floresta do que a uma sala ampla e branca no centro da cidade.

Na Gestalt chamamos a isto os "deveres", os introjetos como mecanismos que interrompem ou modificam o contacto — comigo mesma, com o ambiente e com o outro. A introjecção é um processo pelo qual uma opinião ou uma atitude é inquestionavelmente tomada do ambiente como se fosse verdade, como um corpo estranho absorvido e mantido (Joyce e Sills, 2001).

Como devo mover-me?
E como me movo quando deixo o "dever" e entro só no presente?

Ontem, em vinte minutos, pelo corpo em movimento, nasceu espaço:
para o desejo, para a curiosidade, para a escuta e a relação.