
showing up for yourself
Há momentos em que ir à terapia parece demais. Quando
preferias ficar em casa e silenciar tudo aquilo que te pede
para sentir.
Esses momentos são familiares — e, muitas vezes, é precisamente neles que o
verdadeiro trabalho começa.
Na terapia Gestalt, falamos de responsabilidade, não
como culpa, mas como o poder silencioso de responder —
ao que está aqui,
ao que dói,
a ti próprio.
O terapeuta pode criar o espaço seguro e caminhar ao teu lado, mas não por ti.
Como na dança, o professor pode mostrar o movimento, mas o teu corpo precisa aprendê-lo.
É preciso chegar, repetir, praticar.
Ontem, na aula de movimento, explorámos algo chamado 'movimento-puzzle': três gestos em sequência que envolvem deslocar o peso do corpo no chão, e que podem ser repetidos, combinados ou transformados. .
Podes desacelerá-los, mudar a sua velocidade, textura, fazer junto com outra pessoa —
mas antes de tudo isso, é necessário aprender o movimento em si.
Parece simples, mas não é. e é por isso que se chama 'puzzle'.
O desafio está em encontrares a tua própria fluidez enquanto deslocas o teu
peso,
da esquerda para a direita e de volta,
mãos e corpo a torcer, pernas a seguir.
Em determinado momento, a professora disse:
"Continuam. É a única maneira. Esta parte não vos posso ajudar — you have to do it on your own."
Algumas horas antes, tinha conversado com o meu cliente sobre a importância
do compromisso na terapia.
Não compromisso como pressão ou perfeição,
mas como um ponto de encontro:
entre o que queremos e o que é possível neste momento,
entre o apoio da terapeuta e o esforço necessário da própria pessoa,
entre ser guiado e aprender a guiar-nos a nós próprios.
Por vezes, a terapia é exactamente isso — chegar de novo,
mesmo quando dói, quando as palavras não surgem, quando preferias não ir.
Porque a cura não acontece nas sessões perfeitas;
acontece no retorno, no chegar ao lugar que precisa de atenção.
Em permanecer um pouco mais com aquilo que preferias evitar.
O trabalho não é fazer a dor desaparecer, mas encontrá-la de outra forma — com respiração, presença e honestidade.
E cada vez que te apresentas,
já estás a aprender mais um pouco do puzzle.
Já estás a dançar de volta para ti próprio.